O mundo é um moinho
O seu João era muito paciente. Quase sempre o seu filho vinha com algumas perguntas desconcertantes, coisas da idade, e que eram respondidas com sabedoria por ele. Nenhuma pergunta ficava sem resposta. Ele queria que o filho fosse doutor. Fosse além do seus parcos conhecimentos, como aliás deseja todo pai.
Um dia o menino veio com a seguinte pergunta: - Pai! Porque eu me chamo Angenor? Essa era fácil, pensou tranquilo o seu João. É uma homenagem meu filho, como lhe expliquei uma outra vez, a gente gosta demais de uma pessoa, ou essa pessoa foi admirada por todos pelos seus atos ou talento, dai nós a homenageamos, pode ser uma comenda, um título, ou pode ser uma homenagem pessoal, como essa, pois voce nasceu no mesmo dia que o homenageado, no dia 11 de outubro.
Tudo bem papai, o lance da homenagem eu entendi, mas o senhor fez essa parada pra quem?, disse o menino. Bem, respondeu seu João, Eu quis homenagear um grande cantor da música popular brasileira.
- Como o Felipe Dylon? Retrucou o garoto.
- Não meu filho, não é bem por ai. Não conheço direito esse seu cantor, mas eu falo de um grande sambista, um mestre na arte de compor e um grande entusiasta do samba.
- Ah, tá! Igual ao pessoal do Exaltasamba?
- Olha, deixa eu te explicar, o Angenor de Oliveira, era um grande compositor, apesar da sua origem humilde, ele conseguiu produzir letras maravilhosas, e junto com grandes parceiros, adoráveis melodias.
- E ele ia no Faustão?
- Não meu filho, nao ia não, graças a Deus!
- Então ele era do SBT? Ia sempre no Gugu, né papai?
- Também não, na época dele a mídia não estava voltada pro samba, o samba era do morro, ele fundou a Estação Primeira de Mangueira. E escolheu as cores, verde e rosa.
- Verde e Rosa? Argh! Que porcaria! Vai me dizer que não tinha outras cores também.
- Ai ai - suspirou o seu João - existiam sim, mas estas eram as preferidas dele.
O menino pensou: - Vai ver que é por isso que nao ia no Faustão ou no Gugu, verde e rosa. Se fosse vermelho e preto tudo bem.
- Pois é - continuou o pai - o Cartola produziu tantas músicas belas, que a maioria dos cantores de MPB já gravaram alguma de suas composições.
- Então ele era podre de rico, pai? Devia ter mansão e o escambau. Show de bola! Interrompeu o pequeno Angenor.
- É filho. Devia sim, mas infelizmente não tinha nada disso não e foi gravar o seu primeiro disco depois de muitos momentos ruins, em 1974 aos sessenta e cinco anos. Morreu aos 72 anos, em Jacarépagua, de câncer.
- Pai, mais uma pergunta. Você chamou ele de Cartola, ele era dirigente, assim feito o Eurico Miranda?
Foi nesse ponto que seu João perdeu a paciencia. Falou com o filho que Cartola era apelido, da época que o cantor ainda trabalhava como pedreiro, não tinha nada a ver com futebol, e que era pra ele sair pra brincar no quintal. E disse mais, disse que era um dia de sorte para o filho, de não levar umas palmadas por comparar o Cartola ao Eurico Miranda. Veja lá se isso é possível, é Cartola, o Mundo é realmente um Moinho.
Um dia o menino veio com a seguinte pergunta: - Pai! Porque eu me chamo Angenor? Essa era fácil, pensou tranquilo o seu João. É uma homenagem meu filho, como lhe expliquei uma outra vez, a gente gosta demais de uma pessoa, ou essa pessoa foi admirada por todos pelos seus atos ou talento, dai nós a homenageamos, pode ser uma comenda, um título, ou pode ser uma homenagem pessoal, como essa, pois voce nasceu no mesmo dia que o homenageado, no dia 11 de outubro.
Tudo bem papai, o lance da homenagem eu entendi, mas o senhor fez essa parada pra quem?, disse o menino. Bem, respondeu seu João, Eu quis homenagear um grande cantor da música popular brasileira.
- Como o Felipe Dylon? Retrucou o garoto.
- Não meu filho, não é bem por ai. Não conheço direito esse seu cantor, mas eu falo de um grande sambista, um mestre na arte de compor e um grande entusiasta do samba.
- Ah, tá! Igual ao pessoal do Exaltasamba?
- Olha, deixa eu te explicar, o Angenor de Oliveira, era um grande compositor, apesar da sua origem humilde, ele conseguiu produzir letras maravilhosas, e junto com grandes parceiros, adoráveis melodias.
- E ele ia no Faustão?
- Não meu filho, nao ia não, graças a Deus!
- Então ele era do SBT? Ia sempre no Gugu, né papai?
- Também não, na época dele a mídia não estava voltada pro samba, o samba era do morro, ele fundou a Estação Primeira de Mangueira. E escolheu as cores, verde e rosa.
- Verde e Rosa? Argh! Que porcaria! Vai me dizer que não tinha outras cores também.
- Ai ai - suspirou o seu João - existiam sim, mas estas eram as preferidas dele.
O menino pensou: - Vai ver que é por isso que nao ia no Faustão ou no Gugu, verde e rosa. Se fosse vermelho e preto tudo bem.
- Pois é - continuou o pai - o Cartola produziu tantas músicas belas, que a maioria dos cantores de MPB já gravaram alguma de suas composições.
- Então ele era podre de rico, pai? Devia ter mansão e o escambau. Show de bola! Interrompeu o pequeno Angenor.
- É filho. Devia sim, mas infelizmente não tinha nada disso não e foi gravar o seu primeiro disco depois de muitos momentos ruins, em 1974 aos sessenta e cinco anos. Morreu aos 72 anos, em Jacarépagua, de câncer.
- Pai, mais uma pergunta. Você chamou ele de Cartola, ele era dirigente, assim feito o Eurico Miranda?
Foi nesse ponto que seu João perdeu a paciencia. Falou com o filho que Cartola era apelido, da época que o cantor ainda trabalhava como pedreiro, não tinha nada a ver com futebol, e que era pra ele sair pra brincar no quintal. E disse mais, disse que era um dia de sorte para o filho, de não levar umas palmadas por comparar o Cartola ao Eurico Miranda. Veja lá se isso é possível, é Cartola, o Mundo é realmente um Moinho.